
Inspirados nos anos 80, "em que se tentou revolucionar e fazer algo de novo", os marchantes da Madragoa centraram-se na palavra "mudança".
"É preciso fazer algo para mudar o panorama pessoal, colectivo e político, pois as pessoas andam muito deprimidas", disse ao DN o ensaiador, Joaquim Guerreiro.
Nos fatos, as cores usadas serão o amarelo, o preto, o branco e o vermelho. "São cores muito gráficas, que simbolizam a agressivida-de associada à mudança, seja ela positiva ou negativa", explicou o ensaiador.
A marcha da Madragoa tem as suas origens na cidade de Ovar e todos os anos faz homenagem às varinas e apresenta o vira. "Somos uma mistura de marchas populares com o vira", contou Joaquim Guerreiro.
Contudo, será apresentada, também, uma "ironia e brincadeira relativamente ao Centenário da República. A maior parte vai ilustrar, mas nós vamos dizer que somos os reis e as rainhas", afirmou, relembrando que até por volta de 1940 "a Madragoa tinha o título de Rainha das Marchas".
O ensaio decorre no Regime de Sapadores Bombeiros de Lisboa, na Travessa das Francesinhas, e como o campo é ao ar livre, apelam à ajuda do tempo, que, segundo Joaquim Guerreiro, tem sido favorável.
A apresentação oficial das marchas está próxima e o ensaiador reclama que estão muito mal preparados. "Temos feito um esforço enorme, mas só recebemos o financiamento da Câmara de Lisboa há duas semanas e a maior parte das marchas está em pânico. No ano passado foi um mês antes", lamentou.
"Exigem qualidade, mas as condições dadas são muito más. É uma falta de respeito", concluiu.